A luz do semáforo ficou vermelha, atravessamos a rua de mãos dadas. Havia alguma coisa de flor no ar. Ipoméias e cravos e cigarros. Nos meus cabelos ou nos seus.
Hoje, a luz do semáforo ficou verde e atravessei a rua (sozinha), quase um desastre. Ando tão alienada... Tenho dançado mais, cantado mais alto. Tenho até mesmo vontade de fazê-los na rua e ao telefone. Talvez porque não tenha dançado o suficiente com você, não tenha ouvido o suficiente nem mesmo saiba dos seus sonhos. Quais são seus sonhos? Conta, conta agora o que você sonha quando acorda sorrindo.
Ontem, antes de ler o que você escreveu no jornal, queria eu mesma escrever um poema pra você. Preparei papel, caneta e alma. Se foi preciso? Claro que sim! Depois de tanta dúvida e tanta covardia a alma também carecia de preparos. O papel molhou com a chuva e caneta a manchar tudo. E compreendi que era tarde demais. Será?
Ontem mesmo, depois de ler o que você escreveu no jornal, senti que estamos tão distantes... Senti pela milésima vez estar atrasada, estar do avesso do sentido do teu endereço. Cheguei, então, a querer me ver livre de ti, cheguei a pedir que cessasse o desejo pela tua boca lisa e dura, por esse amor cheio de devaneios e floreios e portões. E depois, de súbito, gritei: Mentira! Mentira! Mentira!
E essa ânsia que não pára. A mesma ânsia que dá na boca do estômago a descer serra.
Calo a boca de uma vez e digo por último: queria apenas fazer uma declaração de amor. E pedir para que você não se assuste, é só que às vezes me lembro de você com tanto carinho... Mas no fim chega a ser pateticamente romântica essa carta.
Ando perdida e já são quatro horas (segui uma borboleta no ar parando os olhos no relógio da catedral). Senti-me atada, por esse amor calado a um amor alado de prazer contido.
Hoje, a luz do semáforo ficou verde e atravessei a rua (sozinha), quase um desastre. Ando tão alienada... Tenho dançado mais, cantado mais alto. Tenho até mesmo vontade de fazê-los na rua e ao telefone. Talvez porque não tenha dançado o suficiente com você, não tenha ouvido o suficiente nem mesmo saiba dos seus sonhos. Quais são seus sonhos? Conta, conta agora o que você sonha quando acorda sorrindo.
Ontem, antes de ler o que você escreveu no jornal, queria eu mesma escrever um poema pra você. Preparei papel, caneta e alma. Se foi preciso? Claro que sim! Depois de tanta dúvida e tanta covardia a alma também carecia de preparos. O papel molhou com a chuva e caneta a manchar tudo. E compreendi que era tarde demais. Será?
Ontem mesmo, depois de ler o que você escreveu no jornal, senti que estamos tão distantes... Senti pela milésima vez estar atrasada, estar do avesso do sentido do teu endereço. Cheguei, então, a querer me ver livre de ti, cheguei a pedir que cessasse o desejo pela tua boca lisa e dura, por esse amor cheio de devaneios e floreios e portões. E depois, de súbito, gritei: Mentira! Mentira! Mentira!
E essa ânsia que não pára. A mesma ânsia que dá na boca do estômago a descer serra.
Calo a boca de uma vez e digo por último: queria apenas fazer uma declaração de amor. E pedir para que você não se assuste, é só que às vezes me lembro de você com tanto carinho... Mas no fim chega a ser pateticamente romântica essa carta.
Ando perdida e já são quatro horas (segui uma borboleta no ar parando os olhos no relógio da catedral). Senti-me atada, por esse amor calado a um amor alado de prazer contido.