quinta-feira, 24 de abril de 2008

Licença

Peço licença pra dizer meu coração, que anda pra lá de apertado... Fica estranho bem no meio do peito e não há coisa bonita que o faça desarrochar. Pra dizer a verdade - e se você quiser saber - são as coisas bonitas que têm me doído mais. E vivo a procurá-las.
Ele acelera e pára. Pára mesmo, nem doutor poderia escutar. De repente aperta tão forte que parece até maldade. E quando assim fica o peito, os olhos ficam salgados e a garganta, até lá no fundo, fica amarrada.
E é hoje mesmo que vou melhorar. Pego minhas mãos na gaveta do criado-mudo e vou caçar um sabiá. Peço pra ele, bonito que é, me ensinar a cantar.
Assim na hora que o coração encravar, começo logo a melodia. Pra ver se ensino melhor o peito que quando a dor aperta, é só cantando que se pode voar.

quarta-feira, 9 de abril de 2008

A volta da musa

Em meu mundo
tu perdeste a coroa
Em teu reino
eu achei as palavras
achei o calor na noite da Nova Cidade
achei o silêncio do teu olhar
tua timidez
e minha falta de jeito.

Conheceste meu passado
sem nem querer
e ganhaste meu futuro num pedido
ganhaste minhas mãos num desejo
e teu império
em minha cama.

A despedida foi um sonho
do qual ainda não acordei
No outro sonho:
nossa fome
nossa sede
teu ar
meu ventre.