domingo, 25 de outubro de 2009

Feche a porta

Não se iluda, companheiro
A solidão não é passiva
Não se manda embora
Não se pede que exista

Ela vem
Quando se quer estar junto
Ela vai
Quando só o que se pede são alguns minutos

Mas veja meu amigo
A solidão não é de todo ruim
Às vezes é nela que sinto o quanto esperam de mim
Que percebo mundos ao meu redor
Entendo frases ditas e não ditas
Crio frases aflitas

Ela por si só não é nada
Depende de você
Estar ou não a desejá-la.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Mais tempo

Não é o tempo
que se passa longe
que conta

É a proporção do tempo
a sentir saudade

sábado, 30 de maio de 2009

Sábado na cuesta


Escorro pelas estradas
Acostamentos e quilômetros
Só caibo em pista dupla
Pois assim que segue:
Falta o materno
Pela serra do mar
O fraterno
Por uma tal Rondon
Falta a paixão
Pela cuesta do sertão

Que a saudade e a alegria
Se fazem de amantes
E aí que está o vento que nos balança
Na ponta do penhasco
E que nos faz agarrar
Com tanta força ao chão
(ou às nuvens)
A cada possuir
A cada dormir
A ir
E vir.

Hoje fiquei.
Acordei na manhã fria do meio do caminho.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Retalho de uma saudade

O amor não é tema
Para as tantas poesias das prateleiras
Do quarto ou da sala

Nem dos sambas
Nem das valsas

O que dá ao poeta fome
É a saudade

Essa sim retalha a alma nas mãos
E as minhas já estão cansadas.


quinta-feira, 14 de maio de 2009

Almoço

Almocei miojo com champignons.

Arrotei ironias a tarde toda...

terça-feira, 12 de maio de 2009

Amar é tanta coisa

Amar é tanta coisa.
Hoje, para mim, é perceber
Que o cheiro da pessoa amada não é só um perfume no frasco
Nem só o suor bruto do corpo
Nem só o desodorante diário
É cheiro do corpo, cheiro da pele
Que fica no nosso corpo depois do amor
Que fica na nossa pele, um pouco de outra pele.

Hoje o amor é isso pra mim
É uma camiseta branca no chão do quarto
Que instintivamente botei na cara
E senti, com todo o ar dos pulmões
O cheiro do homem que amo.
Uma lágrima gorda ficou no parapeito dos olhos
Três batidas rápidas no coração
E a saudade mais bonita.

O amor pra mim está definido por hoje
É um pouco de perfume,
Um desodorante
Um pouco de suor
Pele
Um dia
Uma vida de saudade.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Re-conhecendo

Eu conheci pessoas que falavam sobre poetas
Argumentavam, contrapunham
Conheci também aquelas que sabiam tudo de poesia
Recitavam para tudo que houvesse vida
Conheci, e não me esqueço, alguns poetas
Fiz eu mesma algumas poesias...

Mas gosto mesmo é de conhecer
E reconhecer noutros
Que outrora já tenha conhecido
A beleza de se mostrar a poesia do laço, corrente ou fita
Desses, falo agora
Marcando e pontuando a diferença
Entre ser poeta
E viver poesia.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Um vão no peito

Brigas são vãos
Vão de amor
Vão de compreensão
De alento.
Vão de palavras
De risadas.

Brigas são valas
Abertas no peito
Angustiam
É buraco que lota

Ausência e falta
Das tuas mãos nas minhas mãos
Na minha boca dos teus dentes
No meu peito das tuas palavras
Ou não palavras
- é muito não.

Brigas são vis
São vãs
Vilãs,
De nós.

Quanto vão só num refrão
Quanto vento...

segunda-feira, 2 de março de 2009

Cheiro Verde

É quase tudo como cortar o cheiro verde
É tudo meio assim...
Deve-se lavar bem
Deixar secar
Cortar devagar
Segurando bem

Assim é quase tudo:
Aos poucos se despedaça
Mas deixa sabor e cheiro
Deixa cor

domingo, 1 de março de 2009

Domingo de saudade

A saudade é poema.
O amor é poeta.

E eu humana...
Sou casulo

E casa
De um poeta
que vive
E muitos poemas
que moram.