Não compro mais blusas sem bolsos. Nem calças.
Essa noite o termômetro registrou 8 graus e acordei ao meio-dia com as mãos suando dentro das luvas pretas de lã embaixo das cobertas, enroladas uma à outra e, ainda que suando, estavam frias. Estavam tão frias quanto nos últimos seis dias.
Quando não estão cobertas mostram cores pálidas: roxo, branco e rosa. As articulações doem e não consigo mexê-las como antes. Os dedos estralam a qualquer movimento e me sinto incapaz de fazer qualquer coisa minuciosa com toda essa rigidez. Os bordados, tricôs e a cozinha.
Elas amolecem e ficam coradas quando as coloco perto do fogo. Mas parece, ao mesmo tempo, que mil agulhas entram na pele até que os ossos sejam aquecidos. Estão tão desacostumadas ao calor...
Antes que eu não possa mais preparar-lhe o jantar, os doces, os cachecóis e tocar no violão sua musica preferida ou lhe alisar os cabelos. Antes delas esquecerem por completo seu calor, devem

Prometo, elas não estarão frias então.