As mangas das blusas já estão esgarçadas, tortas, de tanto serem puxadas para cobrirem as mãos.
Não compro mais blusas sem bolsos. Nem calças.
Essa noite o termômetro registrou 8 graus e acordei ao meio-dia com as mãos suando dentro das luvas pretas de lã embaixo das cobertas, enroladas uma à outra e, ainda que suando, estavam frias. Estavam tão frias quanto nos últimos seis dias.
Quando não estão cobertas mostram cores pálidas: roxo, branco e rosa. As articulações doem e não consigo mexê-las como antes. Os dedos estralam a qualquer movimento e me sinto incapaz de fazer qualquer coisa minuciosa com toda essa rigidez. Os bordados, tricôs e a cozinha.
Elas amolecem e ficam coradas quando as coloco perto do fogo. Mas parece, ao mesmo tempo, que mil agulhas entram na pele até que os ossos sejam aquecidos. Estão tão desacostumadas ao calor...
Antes que eu não possa mais preparar-lhe o jantar, os doces, os cachecóis e tocar no violão sua musica preferida ou lhe alisar os cabelos. Antes delas esquecerem por completo seu calor, devem voltar a te tocar.
Prometo, elas não estarão frias então.
quinta-feira, 26 de julho de 2007
quinta-feira, 12 de julho de 2007
Romance Murdoch
Uma pedra em cima de cada página.
O encontro com as palavras
É como encontrar um grande
amor que não se vê há tempos:
Sabe que deve abraçá-lo e dizer que
Está lindo (porque sempre está)
mas não tem certeza se deve beijá-lo
Beijá-lo com avidez
Com o amor que é grande há tempos.
Depois, quando toca lábio e lábio,
página e lápis
Sente que deveria tê-lo feito antes.
Mas como poderia?
Encontrar as palavras
Encontrar o ardor
Um romance Iris Murdoch.
O encontro com as palavras
É como encontrar um grande
amor que não se vê há tempos:
Sabe que deve abraçá-lo e dizer que
Está lindo (porque sempre está)
mas não tem certeza se deve beijá-lo
Beijá-lo com avidez
Com o amor que é grande há tempos.
Depois, quando toca lábio e lábio,
página e lápis
Sente que deveria tê-lo feito antes.
Mas como poderia?
Encontrar as palavras
Encontrar o ardor
Um romance Iris Murdoch.
quarta-feira, 11 de julho de 2007
Meu menino
É menino que ama
É menino que canta,
rola, pula, senta e pensa –
- Acho que é hora de voltar para casa.
É menino negro, branco
É menino torto, direito
Duas crenças, duas irmãs
Uma mãe, dois primos.
Esse menino é meu filho
Que me aparece nos sonhos!
É menino que canta,
rola, pula, senta e pensa –
- Acho que é hora de voltar para casa.
É menino negro, branco
É menino torto, direito
Duas crenças, duas irmãs
Uma mãe, dois primos.
Esse menino é meu filho
Que me aparece nos sonhos!
domingo, 1 de julho de 2007
Dezoito
Ganhei o jogo!
Três mil, quatro mil
doze mil quantias de ouro.
Ganhei a festa!
O bolo, as velas
e na testa
um beijo pra dizer
tudo o que se deve dizer
quando se faz dezoito anos.
Três mil, quatro mil
doze mil quantias de ouro.
Ganhei a festa!
O bolo, as velas
e na testa
um beijo pra dizer
tudo o que se deve dizer
quando se faz dezoito anos.
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