Meu avô construiu prateleiras
Minha avó encheu-as de comida
Minha mãe enfileirou os livros
Hoje estão todos curvados
O avô, o trabalho
A avó, a família
A mãe, sabedoria
E eu, que fico
Colhendo os frutos
E olhando as prateleiras
Que mesmo vazias
Continuam como todos
Curvadas de tantas vidas
(imagine quantas histórias, filosofias e jantares em família!)
Essa é minha fartura
Minha herança melhor:
Nas latas e vidros,
A falta de fome.
Na outra gula,
A sobra de linhas.
sexta-feira, 22 de junho de 2007
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7 comentários:
Pois é... nem sei o que dizer, minha FARTURA. Gostei! Continuas a me surpreender com o olhar que tem sobre os fatos aparentemente comuns, concretos, objetivos. Para a maioria uma poça d'água é só uma poça d'água....rs
Que beleza, de poema, Elka. Belo poema, palavras arrumadinhas de maneira esteticamente interessante. Mas belo também pela sabedoria do reconhecimento de sua herança familiar e da forma gostosa de relacionar-se com ela. Assim como sua mãe, continuo me surpreendendo com seus poemas.
Beijinho.
ah! Tai... pleno amor pela família!
quase dependente. rsrs
minha mãe fica sabendo, até mesmo por estar sempre ao meu lado, os motivos que me inspiraram a escrever os poemas. e ela se surpreende como esses motivos, por serem tão cotidianos...
espero continuar a causar surpresa ou pelo menos estranheza...
saudade!
=***
Mãe, não acredito que uma psicóloga esta dizendo para mim que uma poça d'água só parece uma poça d'água... rsrsrs
vemos coisas tão diferentes nas poças, não é?!
Fartura de amor!
te amo!
beijos
Oi Elka,
Pobres daqueles, que como a Marlene disse, olham e só vêem poças d'água...
Pensa que são poucos?
Infelizmente são mais numerosos do que aqueles que conseguem tirar do cotidiano beleza suficiente pra seguir sorrindo.
Achei linda a sua fartura!
Beijos.
A tua fartura é linda demais, Elka!
Muitos parabéns!! voltarei em breve, tá?
um beijinho do outro lado do Mar (;-))), Bárbara
Ai Bárara...
não consigo relacionar vc! quem?
obrigada mesmo pela visita!
espero que volte...
abraço que atravesse o Mar
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