quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Lençol amargo

Quando não devias dizê-las, pressa demais: dito.
Quando não devias fazê-las, raiva demais: feito.

Explica-me então, enquanto faço o arroz.
Mas não me resta paciência para ouvir mentiras. As mentiras têm estragado a comida com seu tempero amargo. Já bastam os pernilongos que zunindo vão nos lembrando, antes de nos deixar dormir, o que nos falta fazer para sermos felizes. E é no meio do zum-zum-zum que te lembro de pagar as contas. Que me lembras de depilar as pernas, que tanto te incomodam nesse nosso lençol de cetim, e dizer para o poeta que ele estava errado quanto ao amor.
(e te olho de novo)

Ele estaria certo?
Quando se está certo ainda é arrogância. É sim.

7 comentários:

Anônimo disse...

"Quando não devias dizê-las, pressa demais: dito.
Quando não devias fazê-las, raiva demais: feito."

Mais uma vez, vc escreve e fala sobre mim.
Tão diferentes, tão iguais...

"A mesma sandália, o mesmo sorriso, o mesmo sobrenome (e este último não é o que nos faz estar juntas, melhor ainda!)..."

Amoooooooooo!

Anônimo disse...

Elka, gostei demais. Muito bom mesmo. Essa coisa do cotidiano metido na poesia que se espera foi bárbaro. De novo tenho a sensação que me deixa feliz de que você podia cair no lugar-comum e não cai. Cacilda. Parabéns.

Seria a solução cozinharmos sozinhos?...rs

Elka Waideman disse...

Sinta-se presente na minha vida, Cá. Nas poesias. Nas falas do cotidiano e quando ouço Olhos Coloridos, You Owghta Know e Cranberries... como amo você!
como me lembro sempre de você.
Não foi por você a poesia. Mas também não há sua ausência nela. Entende?
Beijos de espera.

Elka Waideman disse...

Ju, devo confessar que adoro te agradar... Sinto que é uma das formas de me comunicar com você nesse mundo mau que separa a gente por tanto tempo.
Não. Cozinhe comigo. Que a mentira, apesar de estar presente nas nossas relações (como as de todo mundo) não está entre nós.
Abraço e beijo.

Anônimo disse...

As vezes vale mesmo a pena não depilar as pernas. Vale mesmo a pena nem dividir contas. Mas quase sempre vale a pena esperar por alguém que nos peça para o fazer. Nem sempre o poeta se engana. No que se refere ao amor, todos nós acertamos.

Elka Waideman disse...

não sei se concordo com a sua última frase, Simone...
mas entendi o recado!
=)

Anônimo disse...

Sabe por que nunca se erra? Por que vale sempre a pena viver o amor. Mesmo que depois o sofrimento tome conta da história, e as lágrimas corram, corram e corram. Ficam as boas lembranças, o cheiro, as músicas, as palavras, os sussurros no ouvido. Vale sempre a pena. Claro que quando está tudo fresco, o sofrimento dói muito, mas depois que o tempo passa, é tudo muito bom. Essa visita foi de médico. Faz alguns dias que não apareço AQUI e vai demorar pra eu aparecer de novo.