quarta-feira, 2 de maio de 2007

Tabuleiro de dama

Prometi a mim mesma prometer a ti meu amor. Prometi também que seria eterno. Bobagem, eu sei. Prometi depois, com mais veemência e sucesso, não cumprir minha promessa.
Preciso assegurar a cada passo que não sei aonde vou. Marco o passo de gente chegando: vai embora e nos vemos amanhã! Vá embora e fica um pouco longe pra eu ver se sinto tua falta. Vá embora, mas volte. Volte porque sou carente. Volta e meia me volto e te beijo quente. E você se revolta e se perde. Perde para mim a luta. Lute comigo aqui. Quem sabe assim você ganha?
Beijo teu olho, olho teu corpo, molho teu molho. Vejo tua malícia e afago. E tenho um retalho de anatomias espelhadas. Retalho preto, ruivo, moreno, castanho e branco. Brando e quente, ainda quente. Formas e peles que coso com teus pêlos ainda quentes.
Percebo que me olha ternamente. Vejo amor em teus olhos mais uma vez e mais uma vez digo que cumprirei minha palavra. Acabou, acaba tudo. Frio. Acaba por dizer que é eterno. Não diga isso, nem aquilo dos teus olhos (tremo e não sei se é frio ou medo). Diga que vai embora. E depois volte, sem amor nos olhos. Promete para mim que volta! Volte com a alma vestida e o corpo nu.

7 comentários:

Anônimo disse...

Elka, gostei dessa idéia de jogo, do vai-e-vem das pedras. Interessante! Gosto também desse seu modo (não cínico, por falta de termo melhor no momento)ao tratar das relações amorosas, onde a angústia da ambiguidade ganha estampa... Sei lá se apreendi corretamente seu texto, mas foi assim que li. Afinal, Estamparia...rs
beijo

Elka Waideman disse...

Mãe,
fico contente que a idéia do movimento de jogo tenha, enfim, ganhado forma.
gosto muito desse estilo de texto que retrata, nem um pouco o meu, mas o/um amor, que pode também não ser o seu.
não ME estampando, mas estampando os sentimentos, todos, crus (ou pelo menos tentanto).
beijokas!

Anônimo disse...

Elka, concordando com a Marlene, a o vai-e-vem ficou mesmo bom. Também falando da minha apreensão do texto, parece-me um ir e vir de alma e carne? O eterno embate entre desejo e sentimento?

Uma coisa que talvez você pudesse pensar (e eu não sei de nenhuma idéia para ajuda-la)é em uniformizar o tempo verbal. Não sei, além de me parecer que essa "imprecisão" (palavra arbitrária) contibui um pouco para uma certa confusão do texto, acho que, principalmente, atrapalha um pouco o ritmo.
um beijo

Elka Waideman disse...

Juliano, não entendi a sua observação "em uniformizar o tempo verbal". meus conhecimentos de gramática são limitados demais talvez.
mas quanto ao combate entre desejo e sentimento, é desse mesmo que falo. e que é eterno. pelo menos para mim.
aguardo...
dois beijos!

Elka Waideman disse...

ops...quis dizer embate e não combate (preguiça de apagar e escrever tudo de novo).
Ao Juliano rsrs

Unknown disse...

lindo nossa...

Anônimo disse...

Elka, nessa fase de conhecimentos, acho que é isso mesmo que somos, todos, ou quase todos. Queremos que alguém volte, mas depois queremos que se vá, pra longe, pra sentir falta. Vc sentiu falta? Eu sinto. Como falo de almas, elas não precisam de nomes, os sentimentos não precisam de nomes, sente-se e nada mais. Eles vão e voltam. Viajam. Mas são precisos, necessários, têm que se materializar, precisamos apalpá-los. Mas eu prefiro a alma nua e o corpo vestido, assim o corpo se pode desnudar. A alma não. Vamos é descobrindo-a. Beijoca