sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Incenso

É por estar tão longe
que esse amor não cabe em mim
É por estar tão lindo
que racho ou me incho
a sentir sempre o teu perfume por aqui

É tão ébrio

que a loucura nem se aproxima
E tão sóbrio
que o caminho é linha reta
pelos castelos brancos

com fadas e borboletas
e mágicas entre cadernetas

preenchidas em bar
com cantos em rosa
à caneta
à saliva
a contar sua vida
que devagar
em enxurrada de mirra
envolve
minha vida.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Banho-maria

Hoje peguei minha velha pena
Mas a alma não quis escorrer
vazava toda pelos olhos, salina
Não sobrou uma gota à tinta

Não é preciso dissolver a alma
pra falar de poesia
Mas é preciso tê-la em banho-maria para sentir

Conte-me, querido:
- quanto chorou hoje?
Assim eu saberei o quanto de você ainda me resta
Assim escolherei entre
o amor, a morte, a ilusão
a dor, o corte, o coração.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Na curva

As pessoas têm medo de falar da morte
Como se a maldita ouvisse e desse de segui-las pelas curvas
Elas têm mais medo da encapuzada tocar naqueles que amam do que em si mesmos

Temi com insônia a morte de um amor

Quem nessa estrada acredita que a morte é escuridão?
Quem nessa saída acredita que a morte é o fim?
Quem nessa casa sabe ou tem idéia de, pelo menos, quem morreu?
Quem morreu, minha mãe?

Quero vomitar a morte.