Na Rua Cecília tudo estava calmo e sereno como sempre. As corujas equilibradas nos postes davam o clima frio com seus ruídos de vôo. Os gatos sorrateiros andavam por cima dos muros e no cume das árvores e arbustos outros animais criavam a noite. Tudo calmo e sereno como sempre. Exceto por uma música harmoniosa que se iniciava em um ponto desconhecido do breu, mas que se dirigia à casa do Mestre Feiticeiro. Sua chegada àquele sobrado anunciava algo já muito esperado, e isso não era segredo, pois toda a natureza parou no instante em que a música pediu.
O ver da Lua estacionou no espírito da mulher de ventre barrigudo que agora adentrava como um sopro quente e aveludado no corpo da poetisa sem asas, que iluminada numa esquina apenas pela lua dum poste, se mostrava inteiramente nua.
O Feiticeiro chegou a tempo de envolvê-la e sob o olhar positivo do anjo tocador levou-a até a praça e deitou o corpo que se retorcia no colchão de grama.
No céu, algo que só ocorreria neste momento, o Sol e a Lua se uniram no manto azul para iluminar o nascimento.
Quando o Sol surgiu, os cabelos da poetisa se deram em fogo e se armaram ao redor da cabeça. A música do anjo nunca esteve tão intensa, misturando com o grito de dor e prazer que saía do corpo nu.
Por entre suas pernas abertas e as mãos do feiticeiro, acontecia o nascer. Ela pariu então, a união da música, do dia e da noite, da magia e da terra. Ela pariu o Teatro.
quinta-feira, 17 de maio de 2007
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3 comentários:
por entre as suas pernas abertas nasceu a vida.
Puuutz...
=O
adorei
é forte, mas sutil
saudds
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